Filhos e cartão de crédito: veja o que é recomendado por especialistas
maio 6, 2021Cartões nem sempre são interessantes para trabalhar a educação financeira.
Na tentativa de trabalhar a educação financeira com crianças e adolescentes, alguns pais têm apostado no cartão de crédito como um substituto da mesada. A princípio, a ideia até parece boa, principalmente, com as opções de cartões pré-pagos.
No entanto, a tática nem sempre é recomendada, por mais que ela permita um controle maior dos pais sobre compras relevantes com o dinheiro entregue aos filhos todos os meses. Em vez de ensiná-los, este recurso pode passar a sensação de controle, limitando onde e como devem gastar.
Por mais que o “dinheiro plastificado” tenha se tornado muito utilizado entre os adultos, nem sempre os filhos estão preparados para lidar com ele. Os cartões, sobretudo, os de crédito, carregam uma grande responsabilidade.
Cartões mesada
Os cartões mesada chegaram no mercado e possuem várias versões que agradam aos adolescentes. O uso dos personagens infantis e da marca visa conquistar este público, mas os pais devem analisar se realmente vale a pena dar um cartão de crédito para seu filho.
O da Turma da Mônica e o da Capricho são dois exemplos que atraem pré-adolescentes e adolescentes, mas têm um custo para os pais. Isso porque, além de terem recarga mínima, possuem mensalidade.
Idade certa
Cássia D’Aquino, consultora financeira, especializada na educação de crianças e adolescentes, afirma que existe uma idade certa para que os pequenos comecem a usar o cartão de crédito. Ela diz que, entre 9 e 13 anos, ainda não existe preparo e entendimento para lidar com o cartão, assim, o dinheiro torna-se uma melhor alternativa.
Além disso, crianças de até 11 anos ainda não têm tanta percepção de tempo, tanto que é recomendado que a mesada seja entregue semanalmente e não mensalmente. Assim, o cartão de crédito não irá ajudá-las e pode dar mais trabalho para os pais.
Adolescentes maiores de 14 anos que já tiveram contato com a educação financeira, participando com os pais na decisão de compras, terão mais responsabilidade. De qualquer forma, o cartão mesada ou de crédito pode não ser tão interessante. Nesta fase, é indicado o estímulo à economia e ao pagamento mensal da mesada.
A partir dos 16 anos, é possível pensar em entregar o cartão de crédito ao adolescente, desde que ele tenha responsabilidade financeira e saiba o quanto pode gastar. A escolha entre os modelos pré-pagos ou adicionais fica a cargo dos pais.
Casos desaconselháveis
Para Cássia D’Aquino, o cartão de crédito não é um bom negócio se o objetivo dos pais é controlar o que o filho gasta e verificar como ele usa sua mesada. Segundo a consultora, “É importante que os filhos possam fazer suas próprias escolhas, sabendo que os pais confiam no seu comportamento”.
Eles precisam entender porque devem optar por abrir mão de um produto ou serviço e não o fazer apenas por medo do que os pais vão dizer. É como se a mesada ainda fosse entregue em dinheiro: quando ela acaba, é preciso esperar até o próximo mês.
Outro fator desvantajoso, apontado por Cássia, para deixar que os filhos tenham um cartão de crédito, envolve as cantinas das escolas. Muitos adolescentes aproveitam a mesada para comprar aquele doce ou salgado durante o recreio, mas o cartão nem sempre é aceito como forma de pagamento.
Desse modo, a consultora traz outro problema: “Nesse caso, a criança terá de sacar o dinheiro e pagar uma taxa por essa operação. É um custo a mais que poderia ser evitado”. Supondo que seja pago R$ 100 por mês para o adolescente, dependendo do cartão pré-pago ou do cartão mesada escolhido, não existiria a taxa de recarga. Ainda assim, mensalidade e saques continuam sendo cobrados. Em média, são até R$ 10 perdidos com cada saque realizado.